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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Mi Blog es tu Casa III





O testemunho de hoje traz-nos a história da maternidade (parentalidade!) adiada por infertilidade fortuita, digamos, uma infertilidade que não tem sempre uma explicação evidente, mas que adia o ansiado SIM por meses ou anos. Nem todas as gravidezes são imediatas, nem todas as gravidezes são fruto de tratamentos contra a infertilidade. Há gravidezes que simplesmente tardam e entretanto angustiam.

QUANDO O BEBÉ TARDA EM CHEGAR


A minha história é igual à de tantas outras – dirão, aqui está o primeiro cliché...
A verdade é que sim, não fui a primeira nem seguramente serei a última das mulheres que, na fase da vida que dão como certa, decide, com o seu companheiro, ter um bebé, finalmente.
Chega o segundo cliché. Teremos o nosso primeiro filho depois de casados, depois da casa, comprada, depois dos estudos, completos, e do trabalho, estável, porque isto das crianças envolve muita responsabilidade e, além disso, ainda queremos fazer umas quantas viagens...
É agora. Lemos os livros certos, aprendemos o essencial sobre o assunto, quando vier, será benvindo, até lá, curtimos a sobrinhada, que é tão bom! Objectivo: engravidar antes dos 30.
Mas os meses passam, sem novidades. Os outros todos já têm os seus rebentos, o que é que se passa connosco?
O terceiro cliché nesta história. Não vale a pena ficar ansiosa, angustiada, o positivo chega quando menos esperarmos! Até o médico: tenha calma, é muito nova, está tudo bem! Aproveitem enquanto são só os dois...
O problema é que os programas a dois já não têm tanta graça como antes, o calendário passa a ser controlado pelo... calendário. O dia do mês, a temperatura basal, e se fosse hoje...?
Usamos racionalidade na situação: averiguaremos o que se passa, faremos exames de diagnóstico e despiste de alguma anomalia. Da ecografia mais rotineira ao espermograma, das análises de sangue à histerossalpingografia (o que é isso?!), está tudo bem, não esquecer que uma gravidez natural tem apenas uma probabilidade de 20% em cada ciclo, está sempre dependente da idade fértil da mulher...
Procuramos lidar com o assunto, planear como responder a todos os que perguntam quando chega o rebento, reagir quando todos à nossa volta já têm (pelo menos) um bebé. Guardamos para nós, como um segredo de que nos envergonhamos, ou falamos abertamente de um problema de que não somos culpados? Fazemos disto um bicho de sete cabeças ou enfrentamos as dificuldades com naturalidade?
Diagnóstico: infertilidade inexplicável. Infertilidade? Bem, não no seu mais rigoroso sentido técnico, pois que, até aos 35, só se considera tal patologia decorridos dois anos sem conceber. Afinal, há tantos casais com dificuldades em engravidar, tantos com problemas bem sérios, necessitando de tratamentos médicos longos e dispendiosos.
Mas nós concebemos: ao fim de meses e meses de espera, talvez um ano, mais, chega o tão aguardado positivo, finalmente! Temos de anunciar ao mundo! A medo, primeiro aos pais e irmãos, depois a alguns amigos próximos.
Nem tivemos tempo de prolongar a nossa alegria, um dia a pequena mancha de sangue escuro faz o nosso mundo desabar.
Novo diagnóstico: aborto espontâneo, às sete semanas de gestação. “Acontece a todas as mulheres, pelo menos, uma vez na sua vida, muitas nem se apercebem...”, diz o médico. Mas eu apercebi-me, porque eu vivia para chegar ao fim de cada ciclo, para o primeiro atraso de um dia, dois dias, três dias.
Quando o novo positivo chegou, tão cedo afinal, o medo tomou conta da nossa alegria. A espera, os dias que faltam até à primeira ecografia, não podíamos entregar-nos à felicidade. Mas a confirmação chegou, as semanas passaram, a barriga cresceu até às 40 semanas e finalmente tivemos o nosso bebé nos braços.
E agora, pensamos, já somos um casal “normal”, tudo acabou bem, devemos começar a pensar no irmão? Se demorámos tanto da primeira vez, é melhor não perder tempo.
Mais um objectivo: ter o segundo bebé antes dos 35, investigar nos livros qual o intervalo ideal entre os manos.
O positivo lá chegou, também com o seu tempo, e com ele os mesmos medos. Mas que diabo, porquê, não somos mais nem menos que os outros, o aborto já aconteceu, pronto, já não se repete...
Mas repetiu, e doeu mais, muito mais. Desta vez, não houve perdas de sangue, nada. Apenas o silêncio. Do médico, do ecógrafo que devia ressoar os batimentos cardíacos, o silêncio. E as lágrimas.
O epílogo da minha história é o de um final feliz. Alguns meses depois voltei a engravidar e voltei a gerar um bebé perfeitamente saudável.
Não fiquei grávida, pela primeira vez, antes dos 30. Não tive o segundo filho antes dos 35. A espera, a frustração, a tristeza e o sofrimento foram inevitáveis.
Tenho duas crianças lindas e saudáveis, faço o que posso para ser uma boa mãe, não sou nem mais nem menos do que qualquer outra. Vivo em pleno as “maravilhas da maternidade”!
Toda nossa vida nos habituámos a resolver as nossas dificuldades com esforço, trabalho e dedicação, obtendo com isso o objectivo esperado. Foi para isso que fomos educados e é assim que queremos educar os nossos: com trabalho, tudo se consegue. Mas, na busca de um filho, a vida deu-me uma grande lição. Não podemos intervir em tudo, a natureza não está toda ao nosso alcance.
Como tantas outras mulheres, vivi esta história com um final muito feliz.

13 comentários:

Anônimo disse...

Ai...que me deu um aperto e me veio uma lagrimita assim de ver a minha historia assim escrita por outrém. Tem razão, acontece a muitas. Em tudo igual tirando as idades e a demora na primeira. Mas aborto espontâneo às 8 semanas, gravidez pouco depois, mais outra com uma ecografia que às 14 não devolveu mais o batimento cardíaco, agora a decorrer outra que se espera ansiosa...de risco desde muito cedo. Mas nem a vida é como nos livro nem sempre as piores probabilidades se verificam. Eu também vivi(o) os medos, as vergonhas, as ansiedades

Tânia disse...

Esperança.. é o que pinto ao ler estas palavras.

Obrigada pelo testemunho.

karrapetas disse...

Passei pelo mesmo! Infertilidade é uma palavra que nunca me vai sair da cabeça. Felizmente um tratamento (ICSI) trouxe-nos o nosso Mateus.
Mas tudo o que passei durante esse ano ficou gravado para sempre dentro de mim, o medo, a vontade de ser mãe sem saber se alguma vez o seria, o tratamento em si, a espera ... mas no final tudo valeu a pena, o M. nasceu em Novembro de 2012 e nós estamos completamente apaixonados e cheios de vontade de repetir a experiência, com tudo o que isso implica.
T

sofia costa disse...

Parece que as histórias repetem-se e não estamos sozinhas em histórias com grandes cambalhotas mas que têm um final feliz...
Eu também esperei da primeira gravidez pela primeira ecografia e não haviam batimentos cardíacos, com 8 semanas e passei pela primeira grande desilusão, tristeza, sensação de frustração... Mais tarde, já do meu segundo marido voltei a engravidar, e não demorou muito tempo, mas tudo era medo para mim, cada ecografia era um stress, uma angústia, passei por um exame pré- natal com um falso positivo, uma amniocentese que o comprovou, felizmente, mais uma cambalhota que me deixou de cabeça para baixo e coração apertado mas felizmente tudo correu bem e tive uma filha linda e saudável! Quando decidimos ter outro filho, com o positivo vieram os medos outra vez, uma ia à médica, tudo bem, as semanas passaram e chega o dia da eco das 12 semanas, muito nervosismo, muitos medos e nessa noite acordo com um sangramento enorme... aborto espontâneo às 12 semanas... duas vezes?? Será normal?? Também pensei que já tinha passado por isso uma vez e não merecia passar por tudo outra vez! Mas mais uma vez tudo passou e uns meses depois veio um novo positivo, novos medos, mais um exame pré-natal positivo, mais uma amniocentese que confirmou o falso positivo, felizmente! E um menino lindo e saudável chegou 9 meses depois...
:)

Mafaldix disse...

É verdade que acontece a muitas mulheres, mas isso não diminui a nossa dor. Eu tive um aborto espontâneo depois de 1 ano a tentar engravidar, engravidei logo a seguir e tive o meu pirata. Um ano e meio depois decidimos dar um irmão ao nosso filho. Engravidei no mês seguinte, mas tive um aborto retido. Ou seja, não houve perdas, mas a ecografia não detectou batimentos. Nova ecografia às 8 semanas e confirmou-se o diagnóstico. Esperei pelo aborto espontâneo cerca de 3 semanas. Muita angústia, ansiedade. Aguardámos uns meses para voltar a tentar. Voltámos aos treinos e passados 8 meses engravidei. A alegria do positivo e o sonho de ser mãe novamente estava mais perto de ser concretizado. Na véspera dos meus anos, perda de sangue e aborto espontâneo às 6 semanas. Nunca pensamos que se volta a repetir connosco. Fui-me muito abaixo desta vez. Em Agosto a alegria de mais um positivo. Repouso absoluto durante 3 meses. E aqui estamos nós, com 25 semanas e 3 dias à espera do segundo rapaz. Bjs

Faz de Conta disse...

Adorei este testemunho. Obrigada pela partilha!

gs disse...

São sempre testemunhos marcantes... Como em tudo, é preciso manter a esperança e a perseverança...

Um beijinho a todas as meninas que passaram pela situação.

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Cris @ MabelBaby disse...

Gostei muito do testemunho e revejo-me em algumas situações, afinal eu ainda espero pelo meu final feliz. Por serem assuntos tão importantes, mas ainda um pouco tabu, agradeço-vos pela coragem em partilhar uma história tão pessoal.
Bjs

Simplesmente Ana disse...

Passei por semelhante. Engravidava facilmente, mas perdi dois bebés. Revi-me na frase "o aboro já aconteceu, pronto, já não se repete". Aconteceu. E para ter a minha filha fiquei três meses na cama mais o resto da gravidez sem poder fazer esforços. Mas ela está cá, linda. Admito que a possibilidade de ter que ficar na cama numa segunda gravidez e, consequentemente, não poder tomar conta dela, me tem feito estagnar a ideia...

MissBlueEyes disse...

Não fui Mãe aos 20 anos como sempre desejei. Mas sempre vivi com o medo de não poder vir a ser Mãe, por nada em especial, mas sempre tive esse pesadelo. Até que a "confirmação" quase certa do médico me deitou por terra esse sonho. A ressonância era o próximo passo, mas como tinha deixado de tomar a pílula no início de Janeiro, uma forte dor na barriga antes de uma viagem ao Egipto, levou-me às urgências da luz, a dor era horrivel, a médica perguntou-me se existia possíbilidade de estar grávida, eu disse que não e expliquei toda a história, ela mesmo antes de me mandar fazer o exame pediu um B-hcg, e só depois iria fazer o exame, já não fiz, a médica mandou-me chamar novamente à sala e deu-me a notícia de que estava grávida. Nem queria acreditar! Desmarquei a ressonância. Repeti o B-HCG na sexta para saber se os valores tinham dobrado e se poderia ir na manhã seginte para o Egipto. E assim foi. QUando entrei no avião levava um pontinho na barriga. Aquele que é o meu grande Amor. Aquele que me faz acreditar que sim, que tudo é possível! Este pequeno ser com dois anos de gente tira-me do sério, mas é tão tão maravilhoso! Maravilhoso ao ponto de me fazer adiar por mais um ano a próxima gravidez para aproveitar ao máximo esta fase que tanto adoro!Diz a minha médica de família, que se eu acho esta fase maravilhosa se deve à minha companhira diária, à fluxotina :)

AnaCAlmeida disse...

Obrigada.

Gui disse...

Apesar das pequenas diferenças, "li-me" nestas palavras... Tive uma primeira gravidez não planeada, mas muito desejada, que após uma ligeira hemorragia inicial (rodeada de preocupação) correu muito bem e nos trouxe o nosso príncipe, agora com 2 anos e 4 meses. Pensámos em ter um segundo filho de forma a que os irmãos tivessem 2 anos de diferença, mais ou menos. Primeiro, uma anemia por falta de ácido fólico, adiou o desejo. Depois, chegou rapidamente uma gravidez, só que iniciou com hemorragia ligeira. Como parecia que a situação se estava a repetir e na primeira vez tudo tinha corrido bem, nem pensámos no pior... Às 9 semanas confirmou-se o aborto retido. Foi provocado, foi incompleto, fui internada para curetagem. Meses mais tarde, nova gravidez, que conseguimos em pouco tempo. Nova hemorragia, repouso, nova sequência de ecografias semanais para verificar se o embrião se está a desenvolver... Diagnóstico de aborto retido, de novo, às 8 semanas...
Se por um lado tinhamos muitos medos, porque já nos tinha acontecido uma vez, por outro, pensávamos que não se havia de repetir, o normal seria correr tudo bem.
Estamos à espera, havemos de conseguir! Havemos de conseguir ter mais filhos e dar irmãos aos nosso menino!
Quis partilhar, porque me ajuda saber que não estamos sozinhos, que acontece a muitas pessoas, mais ou menos com os mesmos contornos. Seja este mais um testemunho que nos vá amparando nas nossas buscas de finais felizes!

M.P. disse...

Tive dois abortos espontâneos antes do João, e tenho muito medo que a história se repita quando planearmos o segundo filho. Não sei se aguentaria passar por tudo outra vez.

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